por Ben-Hur Rava
Diante das deficiências do ensino formal no Brasil, em todos os níveis, criaram-se mecanismos periódicos de avaliação de egressos de cursos. De uns tempos para cá, temos uma série de instrumentos voltados à avaliação pessoal e institucional da qualidade do ensino. Enem, Enade, auto-avaliações eletrônicas, concursos públicos, exame da OAB, entre outros, visam aferir rendimento, habilidades e competências de alunos.
Hordas de alunos do ensino médio enchem pátios de “cursinhos” pré-vestibulares e vivem a expectativa que se esvairá diante da lista dos aprovados no final do ano. “Muitos são chamados, pouco os escolhidos” para as Universidades Federais que, sendo públicas, concentram alta competição. Bacharéis, após cinco ou mais anos na Faculdade de Direito, depararam-se com o Exame de Ordem tropeçando no intuito de tornarem-se advogados. Alguns já prestaram a prova várias vezes e, nada. Até as provas do Detran são causa de choro e ranger de dentes.
Afinal, o que realmente essas provas avaliam? Se avaliam, os critérios de avaliação servem a qual fim? Quais melhoras o ensino experimentou nesse período no qual foram introduzidas avaliações? Quais frutos colheu a qualidade de ensino? Acredito que muito poucos.
As escolas públicas não melhoraram sua qualidade porque o Governo não melhorou seu desempenho orçamentário e o compromisso com a educação. Verbas e respeito aos profissionais da educação continuam na pauta das reivindicações sindicais. Escolas privadas são boas porque o investimento é alto e a gerência profissional. Mas os resultados são desproporcionais se comparados com o ensino público ou que os que estão fora do sistema de ensino. Isso agrava a exclusão educacional e social do país, que forma elites em detrimento da sociedade.
Nas Universidades, o problema não é menos visível. Alunos sem preparo básico e cultura geral matriculam-se em cursos superiores buscando diploma.e, quem sabe, melhorar no padrão de vida.
Resta a constatação de que o aluno brasileiro é muito avaliado e pouco preparado. Cobra-se-lhe muito e pouco se-lhe dá. Sua culpa? Talvez. Porém, o maior culpado é o modelo educacional que não ensina a “pensar”, não “forma” cidadãos, não “especula” a ética e formação do caráter do povo, cobrando depois algo que foi sistematicamente sonegado.
A preocupação é o ensino quando deveria ser a educação. E isso, prova nenhuma avalia.
Revista Consultor Jurídico