Dilma convoca ministro da Justiça para discutir manifestações

Após a onda de protestos que percorreu várias cidades do país e levou mais de 1 milhão de pessoas às ruas na noite de quinta-feira (20/6), a presidente Dilma Rousseff convocou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A reunião está marcada para as 9h30 desta sexta-feira (21/6) no Palácio do Planalto e pode contar com a presença de outros ministros do governo.

Ao longo da noite, o clima foi muito tenso em Brasília. Manifestantes tentarem entrar no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, depois depredaram o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. No Rio de Janeiro, em Salvador, Belém, Campinas, Porto Alegre e Fortaleza, também houve confronto de manifestantes com a polícia. Em Ribeirão Preto (SP), um manifestante morreu e outros três foram atropelados.

Viagem cancelada

A presidente cancelou a viagem que faria ao Japão no próximo domingo por causa da onda de protestos. Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, ela preferiu não se ausentar do Brasil por quase uma semana diante do cenário de movimentação popular.

Nesta quinta-feira, Dilma permaneceu no Palácio do Planalto. O prédio teve a segurança reforçada no começo da noite, depois que manifestantes que estavam no Congresso Nacional tentaram se aproximar da sede do Executivo. Dilma deixou o Palácio do Planalto por volta das 20h30, com o esquema de segurança habitual, que inclui batedores e uma unidade de terapia intensiva móvel.

Depredação do Itamaraty

Os manifestantes tentaram entrar no Congresso Nacional, mas foram rechaçados pela Polícia Militar, que utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha. Segundo o portal Terra, alguns grupos lançaram pedras e outros objetos contra policiais e atearam fogo em placas de trânsito e, aos gritos de “chegou a hora de ocupar”, ameaçaram avançar sobre o cerco policial que rodeava o edifício. A polícia conseguiu dispersar parte dos manifestantes, mas os conflitos se transferiram então para o Palácio do Itamaraty, cujas rampas de acesso foram ocupadas por um pequeno grupo.

Foram quebradas várias vidraças e botaram fogo em alguns objetos dentro do Itamaraty, mas as chamas foram rapidamente controladas. Com a chegada da Tropa de Choque, as pessoas que cercavam o prédio foram dipersadas.

Os manifestantes começaram, então, a subir pela Esplanada e deixaram, ao longo da avenida, vários sinais de vandalismo. Segundo o site UOL, o prédio do Ministério da Saúde foi pichado com frases como “chega de ilusão”, “cadê a educação” e “respeite o povo”. Os prédios dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente também tiveram pichações. A Catedral de Brasília, uma das principais obras de Oscar Niemeyer na Esplanada dos Ministérios, foi pichada com os algarismos “666”. Um dos vidros ficou trincado após ter sido apedrejado. Placas indicando os lugares turísticos da Esplanada, como o Museu Nacional e a Biblioteca Nacional, também foram pichadas. Perto da meia-noite, um grande grupo de manifestantes se dirigia para a Rodoviária de Brasília

100 mil na Avenida Paulista

Em São Paulo, cerca de 100 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista. Segundo a Agência Brasil, a manifestação ficou dividida em dois blocos distintos: em um deles, as pessoas hostilizam e protestam contra partidos políticos, a corrupção e gastos excessivos para as obras da Copa do Mundo. O grupo gritavam palavras de ordem contra Dilma Rousseff, o prefeito Fernando Haddad e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O outro grupo reunia o MPL (Movimento Passe Livre), partidos políticos e movimentos sociais. Nesse grupo estavam também os movimentos estudantis, membros de partidos como o PSTU, o PSOL e o PT, o movimento gay e a Central de Movimentos Populares.

Em vários momentos, grupos organizados, supostamente de extrema direita, tentaram impedir que os partidos políticos e os movimentos sociais erguessem suas bandeiras na Paulista.

Posteriormente, uma parte das pessoas se deslocou até a Câmara dos Vereadores, na região central da cidade. Houve ainda aglomeração de manifestantes também na Avenida Vinte e Três de Maio, que ficou com o trânsito de veículos interrompido nos dois sentidos.

Segundo a Agência Estado, os protestos provocaram a interdição de várias rodovias paulistas, entre as quais a Rodovia Anhanguera, na altura da cidade de Jundiaí (SP), a Via Dutra no sentido São Paulo-Rio na altura do Km 149 e a Castelo Branco nos dois sentidos na altura de Barueri.

Campinas: choque entre PM e manifestantes

Pelo menos 20 mil pessoas foram às ruas para protestar em Campinas, no interior de São Paulo. A manifestação começou por volta das 15 horas e agora à noite os manifestantes se espalharam nas proximidades da prefeitura da cidade. Os manifestantes entraram em choque com a PM. Um grupo jogou pedras e foi reprimido pela Polícia Militar. Por volta das 22h, seis pessoas já haviam sido detidas por vandalismos, dos quais duas foram detidas por carregarem explosivos e duas pessoas foram liberadas. Perto da meia-noite, já eram contabilizadas 25 pessoas feridas.

Morte em Ribeirão Preto

Em Ribeirão Preto um jovem morreu ao ser atropelado em meio a manifestação. O acidente ocorreu no cruzamento das avenidas João Fiúza e Adolfo Molina. Pelo vídeo disponibilizado pela PM no Twitter da corporação é possível ver que o motorista, que dirigia um utilitário, tentou furar o bloqueio feitos pelos manifestantes no local. Após o motorista discutir com alguns ativistas, são ouvidos barulhos de pancadas na lataria do carro. Após isso, o carro avança violentamente sobre os manifestantes. Além do jovem morto, outros três ficaram feridos.

Rio de Janeiro

A manifestação no Rio de Janeiro reuniu dezenas de milhares de pessoas no centro da capital fluminense e se alastrou por outros bairros. A confusão foi deflagrada depois de um confronto entre os próprios manifestantes, em frente ao prédio da prefeitura do Rio, onde terminou a caminhada. Policiais militares do Regimento de Cavalaria, que protegiam a entrada do prédio, avançaram contra os manifestantes para tentar acabar com a confusão. Depois, continuaram com as táticas de dispersão.

Grupos aproveitaram para destruir lixeiras, atacar agências bancárias e policiais. Transparecendo muita raiva e insatisfação com políticas de Estado, eles não tinham medo de se machucar e atacaram com paus e pedras prédios e militares. Os policiais reagiam com mais bombas da gás lacrimogênio e balas de borracha. Um carro de reportagem do SBT foi incendiado.

Por medida de segurança foram fechadas vias importantes da cidade, como o Túnel Rebouças, que liga a zona norte e sul da cidade. Até as 22h30, a polícia ainda tentava conter vândalos e dispersar os manifestantes, que tiveram dificuldade de deixar o centro por enfrentar estações de metrô fechadas e a falta de ônibus por causa das interrupções no trânsito.

Até as 22h30, o saldo parcial era 36 feridos encaminhados para Hospital Municipal Souza Aguiar. A maioria sofreu contusão e três foram atingidos por balas de borracha.

Manifestação pacífica em BH

Segundo a Folha de S.Paulo, a noite de quinta-feira (20/6) no centro de Belo Horizonte foi marcada pela manifestação pacífica que se estendeu até por volta das 22h. Cerca de 20 mil pessoas participaram das manifestações, segundo a Polícia Militar. Apenas uma ocorrência havia sido registrada pela PM até o final da noite. Quando os manifestantes marchavam em direção à região sul da cidade, um homem tentou roubar o celular de um manifestante.

Salvador

Na capital baiana também o ocorreram protestos com atos de vandalismo por parte de grupo de pessoas, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Eles depredaram pontos de ônibus, ônibus, placas de sinalização e banheiros químicos. Policiais do Batalhão tiveram de usar bombas de gás para dispersar os manifestantes.

A manifestação na capital baiana começou de forma pacífica, por volta das 16h, reunindo cerca de 20 mil pessoas no centro da cidade, segundo a Polícia Militar. O grupo se dirigiu para as proximidades da Arena Fonte Nova, onde jogavam as seleções da Nigéria e do Uruguai pela Copa das Confederações.

Porto Alegre

Em Porto Alegre, um grupo depredou bancos, casas lotéricas e lojas na Avenida Azenha. Segundo a Comunicação Social da Brigada Militar, o grupo usou pedras e coquetel molotov para atingir os policiais, que reagiram com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. O protesto reuniu cerca de 15 mil pessoas na capital do Rio Grande do Sul. Segundo a Brigada Militar, algumas pessoas foram presas. Outro grupo pacífico se reuniu no Largo Zumbi dos Palmares, ponto tradicional de manifestação no centro de Porto Alegre. Sob chuva, os manifestantes apresentavam cartazes com dizeres como “O povo acordou” e “Queremos seriedade, não à impunidade”.

Recife

Segundo informações da Policia Militar, a manifestação reuniu mais de 50 mil pessoas. Inicialmente, a Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco informou que 100 mil pessoas estavam nas ruas, mas o número foi revisado para baixo.

Belém

Cerca de 30 pessoas foram detidas em Belém após tentarem invadir a prefeitura e atirar pedras contra o prefeito Zenaldo Coutinho. O incidente ocorreu no momento em que o prefeito descia do gabinete para receber uma comissão de manifestantes. Segundo a Polícia Militar, o protesto na cidade reuniu cerca de 15 mil pessoas e seguiu pacífico até os manifestantes chegarem à prefeitura. Lá, eles tentaram forçar a entrada duas vezes, mas foram impedidos pela Tropa de Choque e pela Guarda Municipal.

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