por Daniel Roncaglia
O jornalista Roberto Cabrini foi vítima de uma armação. Os 10 papelotes de cocaína encontrados no porta-luvas do carro dele foram colocados lá para incriminá-lo. É o que afirma seu advogado, Alberto Zacharias Toron. Cabrini foi preso na terça-feira (15/4) sob acusação de porte de drogas. Ele foi transferido do 100º Distrito Policial, no bairro Jardim Herculano (zona sul), para o 13º DP, no bairro Casa Verde (zona norte).
O advogado entrou com uma petição nesta quarta-feira (16/4) no Departamento de Inquéritos Policiais. Ele pediu o relaxamento do flagrante ou a concessão da liberdade. “Espero que amanhã tenhamos uma decisão para resolver esse grande equívoco que fizeram contra o jornalista”, disse Toron ao site Consultor Jurídico. Os autos também foram enviados ao Ministério Público.
Segundo o advogado, a mulher presa com Cabrini o ameaçava já há algum tempo. Ela marcou um encontro com ele e, minutos depois, a Polícia apareceu. Na busca, segundo o advogado, os policiais foram direto à cocaína. Toron lembra que a droga foi encontrada no porta-luvas, justo no banco do passageiro, onde a mulher estava sentada. Ela foi liberada na terça e foi elencada como testemunha do inquérito. “Foi um absurdo. Ele não é traficante e nem usuário”, diz Toron.
Segundo a Polícia, ao ser preso Cabrini portava 10 papelotes de cocaína. O jornalista foi indiciado por tráfico de entorpecentes, porque negou que fosse usuário. Cabrini e a TV Record, onde ele trabalha como repórter especial do programa Domingo Espectacular, afirmam que estavam fazendo uma reportagem investigativa.
O jornalista conta que investigava o caso antigo da entrevista que fez com o líder do PCC, Marco Camacho. “Jamais parei de investigar e, apesar das inúmeras pressões, sempre tive certeza da autenticidade da entrevista que efetuei em maio de 2006 com o líder da facção, Marcos Camacho”, afirma o jornalista em carta.
Na manhã desta quarta-feira (16/4), a direção da Record soltou nota dizendo que o seu departamento jurídico está acompanhando o caso e que vai prestar a assistência que for necessária ao jornalista. O jornalista disse que foi até o local onde foi preso para pegar três DVDs com informações sobre os ataques do PCC em 2006.
A Abraji Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos recomenda a seus associados que comuniquem antecipadamente às autoridades quando tiverem de passar por situações em que possam ser confundidos com praticantes de atos ilícitos. Conhecido jornalista de televisão, Cabrini já foi correspondente internacional da TV Globo em Londres e Nova York. Após passagem pelo SBT e pela Bandeirantes, ele foi contratado pela Record este ano.
Revista Consultor Jurídico