Eletrobras expõe dificuldades na adequação dos sistemas de transmissão de energia

É possível fixar limites mais restritivos para campos eletromagnéticos imediatamente? De acordo com estudos apresentados pelo chefe da divisão de gestão da operação e manutenção de transmissão das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras), Júlio Cesar Alves de Aguiar, existe apenas uma forma de se fazer isso: através da redução de corrente elétrica (fluxo de energia) na linha de transmissão. Porém, essa mudança causaria a redução de mais de 80% na energia fornecida à população.

A declaração foi feita hoje (7), durante a segunda etapa da audiência pública sobre campos eletromagnéticos, convocada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com dados apresentados pelo engenheiro eletricista da Eletrobras, simulações computacionais realizadas para linhas de transmissão típicas de 500kV (kilovolt), no ponto onde a população pode estar presente, gera um campo magnético de 5 microtesla (unidade que mede o campo magnético) para uma corrente na ordem de 1.500 amperes.

Para levar essa medição a níveis mais baixos, para um ou até menos de um microtesla, seria necessário “reduzir a corrente elétrica para algo em torno de 300-200 amperes”, afirma o engenheiro eletricista.

Alternativas

Segundo o representante da Eletrobas, também foram realizadas análises de alternativas testadas comercialmente e que podem ser implementadas de imediato, como o aumento da altura das estruturas das linhas de transmissão. Para isso, seria necessário a realização de obras e, consequentemente, a redução dos campos elétricos e magnéticos no limite da faixa.

“Para eu chegar a um microtesla, há necessidade de um aumento da ordem de 40 metros de cada lado da faixa de passagem”, explicou. No caso do 500kV, uma faixa de passagem típica, entre 20 e 25 metros, “teria que ser aumentada para algo e torno de 100 metros”, afirma o engenheiro.

De acordo com o Aguiar, não é possível fazer o procedimento em todas as linhas ao mesmo tempo, pois isso afetaria o atendimento à população. “Eu tenho que fazer gradativamente. Desligo algumas linhas, faço a obra, depois desligo outras. Pela nossa experiência, isso demoraria muitos anos para conseguir adequar todo o sistema elétrico brasileiro”, disse.

Para o palestrante, o procedimento de aumento da faixa de passagem resultaria na recolocação de pessoas que residam ao longo das linhas de transmissão urbanas. “Ao invés de eu levar o condutor para longe das pessoas, eu levo as pessoas para longe do condutor.” Segundo Aguiar, essa alternativa seria mais difícil de ser implantada devido a questões de desapropriação, custos e tempo hábil. “Mas ela é possível”.

A última das possibilidades seria a implementação de novos projetos. De acordo com o representante da Eletrobras, os custos da expansão da transmissão, que já são considerados altos pelo setor, seriam ainda maiores.

Ao final de sua exposição, o engenheiro salientou que “há necessidade de dar continuidade e aprofundamento aos estudos (na área)”.

DV/RR

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