Em MS, dois juízes federais estão na mira de criminosos, diz associação dos magistrados

Ao menos 40 dos cerca de 300 juízes federais de varas criminais do Brasil estão sob ameaça do crime organizado -ao menos 1 em cada 8 magistrados federais, diz reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo.

Há casos de juízes, narra o diário paulista, que têm os passos monitorados por criminosos, abdicam de sua vida social e acabam pedindo transferência para outros Estados.

A pesquisa acerca da segurança dos magistrados foi preparada pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais), que considera insuficiente a proteção oferecida aos magistrado, a cargo da Polícia Federal.

O corte no orçamento da PF teve consequência imediata na proteção dos juízes.

O único juiz federal que recebe proteção permanente da PF, Odilon de Oliveira, afirma que foi reduzido o número de agentes que faziam sua segurança.

Especializado no combate a crimes financeiros e ameaçado de morte por organizações que atuam na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, Oliveira recebe proteção há 13 anos.

Sua segurança, antes a cargo de nove agentes, hoje é feita por seis. As equipes foram completadas com agentes de segurança patrimonial da Justiça. “Não é um pessoal treinado e serve apenas de motorista”, diz.

Em fevereiro, a PF descobriu um plano para matar a juíza Lisa Taubemblatt, de Ponta Porã (MS).

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) anunciou proteção especial a ela, que atua em um processo contra uma quadrilha de tráfico de drogas e armas.

Mas, segundo a juíza, os agentes só apareceram cerca de duas semanas após a promessa e foram embora dias depois. “O carro deles ficou dias parado lá [em frente à vara], e ainda de forma irregular. O máximo que ele fazia era estragar o gramado.”

Outros juízes ameaçados contam somente com a proteção dos seguranças das varas em que trabalham -caso de 3 dos 10 que atuam em varas criminais do Rio.

Uma delas é Adriana Cruz, que julgou casos relacionados à máfia de jogos ilegais.

“Sua proteção é tão precária que ela comprou com o próprio dinheiro um carro blindado de segunda mão”, diz o presidente da Ajufe, Gabriel Wedy, que conversou com os 40 juízes ameaçados.

Para o juiz Pedro Francisco da Silva, que julgou no Acre quatro processos contra a organização criminosa liderada pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal, a proteção deve ser garantida mesmo após os julgamentos.

Silva teve sua casa invadida por homens armados em 2008, oito anos depois das primeiras condenações do caso. Três anos antes, a polícia já prendera pistoleiros contratados para matá-lo. “Mudei minha rotina, mandei meus filhos para outro Estado. O único lugar que eu frequentava era o supermercado”, diz.

A Ajufe defende a criação de uma polícia judiciária, dedicada exclusivamente à proteção dos magistrados.

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