por Claudia Jardim
O general de reserva Raúl Isaías Baduel, ex-ministro da Defesa de Hugo Chávez, foi preso nesta quinta-feira por agentes da Justiça Militar da Venezuela, acusado de enriquecimento ilícito. Um dos fundadores do “movimento bolivariano”, Baduel rompeu com o governo e passou à oposição em 2007.
O procurador-geral militar, general Ernesto Cedeño, afirmou ter encontrado novas evidências de corrupção durante a gestão de Baduel como funcionário do governo e que, por este motivo, foi solicitada uma ordem de prisão contra o ex-ministro.
“Apareceram elementos de credibilidade suficiente (…) que presumem uma alta quantidade subtraída das Forças Armadas (…)”, afirmou Cedeño em entrevista ao canal estatal de televisão.
De acordo com o general, Baduel poderá permanecer preso por 45 dias, até que a acusação seja formalizada no Tribunal Militar.
Pouco antes, a mulher de Baduel, Cruz de Baduel, afirmou em entrevista ao canal privado Globovisión que agentes da inteligência militar apontaram armas para a cabeça do ex-ministro no momento da detenção.
Investigação
No início de 2008, foi iniciada uma investigação sobre suposta corrupção durante gestão de Baduel no Comando do Exército e no Ministério da Defesa.
A Corregedoria Militar afirma ter encontrado indícios de desvio de 31 milhões de bolívares (equivalente a US$ 15 milhões) na época em que Baduel esteve à frente desses gabinetes.
O advogado de Baduel, Omar Mora Tosta, alega que não há “razões jurídicas” para a detenção, porque o ex-ministro teria comparecido às audiências convocadas pelo Tribunal Militar.
“Ele tem o direito de permanecer em liberdade enquanto o processo está em curso”, afirmou Tosta.
De aliado a opositor
Junto com Chávez e outros militares, Baduel foi um dos fundadores de um movimento dentro das Forças Armadas que tentou dar um golpe militar em 1992, durante o governo de Carlos Andrés Pérez.
Mesmo com o fracasso do golpe, Chávez e seu “movimento bolivariano” acabaram se tornando uma força política alternativa no país, o que fez com que ele ganhasse as eleições presidenciais de 1998.
Baduel tinha papel-chave no governo e, em abril de 2002, passou a ser considerado pelos simpatizantes do presidente como um “herói da revolução bolivariana”, por ter ajudado a neutralizar o golpe de Estado que tirou Chávez do poder durante dois dias.
Em julho de 2007, no entanto, Baduel foi destituído do cargo de ministro da Defesa e, meses depois, rompeu formalmente com o governo, após classificar como “autoritário” um projeto de reforma constitucional que, entre outros temas, promovia a reeleição ilimitada à Presidência.
Na ocasião, o ex-ministro acusou o presidente venezuelano de pretender “perpetuar-se no poder”.
Desde então, Chávez e seus simpatizantes passaram a classificá-lo como um “traidor”.