Juiz Odilon de Oliveira diz que ex-agentes usam denúncia “requentada”

O juiz federal Odilon de Oliveira alega que os agentes penitenciários federais, que foram demitidos após denúncias de gravações ilegais dentro do presídio Federal de Campo Grande, usam acusações “requentadas” contra as autoridades.

Sobre a denúncia de que a Operação X, que revelou plano de Fernandinho Beira Mar – que cumpria pena em Campo Grande – para sequestrar um dos filhos do então presidente Lula foi forjada, o juiz rebate.

“Quem investigou a Operação X foi a Polícia Federal, Ministério Público Federal e o Departamento Penitenciário Federal. Não tive participação”, afirma.

O magistrado era corregedor do presídio federal à época das denúncias. “Tanto o procedimento administrativo quanto o inquérito [contra os agentes] foram solicitações minhas”, enfatiza.

O procedimento tramita na 5ª vara da Justiça Federal de Campo Grande. Os agentes Yuri Mattos Carvalho, Ivanilton Morais Mota, Waldemir Ribeiro Albuquerque e José Francisco de Matos foram demitidos na última sexta-feira.

Odilon lembra que as denúncias da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) foram arquivadas.

De acordo com Odilon, os equipamentos de gravação ficam lacrados e só são utilizados mediante autorização judicial. Ele afirma que autorizou a gravação somente de dois mafiosos italianos.

Conforme os denunciantes, em setembro de 2007 o magistrado teria determinado que Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Abadia tivessem conversas com advogados e visitantes monitoradas, incluindo as celas íntimas.

Interpelados – A denúncia que mais irritou o juiz foi a de que juízes federais teriam cobrado 4 milhões de dólares para conseguir a transferência de Abadia para os Estados Unidos, o que ocorreu em 2009.

“São levianas as acusações feitas pelos agentes, principalmente a relativa a extorsão envolvendo o preso Juan Carlo Abadia, tendo como suposto denunciante o preso José Reinaldo Girotti”.

A acusação, lembra Odilon, provocou interpelação por injuria e difamação contra o preso, que depois, ao depor em juízo, negou ter atacado o juíz.

Cópia do depoimento, enviado ao Campo Grande News por Odilon de Oliveira, do dia 25 de novembro de 2010, mostra que Giroti negou tudo o que havia sido denunciado pelos agentes.

No documento, ele diz que foi retirado da cela no período noturno por 4 agentes penitenciários federais,serviram um lanche a ele e que depois disso ficou 3 dias desacordado.

O preso, hoje em Presidente Venceslau (SP) disse em juízo que suspeitava ter sido dopado, com propósito de ser levado a escrever denúncias contra Odilon. No entanto, ele não apontou os nomes dos agentes.

Ele relatou também que “vários agentes, mais de 3 seguramente, pediram por diversas vezes ao interpelado para acusar o juiz federal Odilon de Oliveira de receber e exigir dinheiro de Juan Carlos Abadia”, afirma depoimento assinado por Girotti.

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