Pegar dinheiro emprestado voltou a ficar mais caro no Brasil em julho, após recuo em junho, e o principal vilão desse aumento foi o cheque especial, cujos juros atingiram 159,48% ao ano ou 8,27% ao mês – o maior nível em mais de seis anos. Os dados constam da pesquisa mensal de juros da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), divulgada nesta terça-feira (9).
A pesquisa da Anefac é mensal e leva em conta seis modalidades de crédito: juros do comércio (crediário), cartão de crédito, cheque especial, CDC dos bancos, empréstimo pessoal dos bancos e empréstimo pessoal de financeiras. No geral, a taxa média de juros dos tipos de crédito mais usados pelo consumidor atingiu 6,84% ao mês ou 121,21% ao ano.
O patamar mensal dos juros do cheque especial é o maior desde fevereiro de 2005, quando a taxa estava em 164,12% ao ano – ou 8,43% ao mês. Em junho, os juros haviam recuado, mas voltaram a subir nos principais bancos do país por causa da política do governo de aumentar a taxa básica de juros da economia (Selic) para controlar o consumo e segurar a inflação.
Além da alta dos juros básicos, o governo também aumentou o valor dos depósitos compulsórios (aquele dinheiro que os bancos precisam deixar no Banco Central, o que reduz a oferta de crédito disponível), elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para o cartão e para operações diversas de crédito e subiu o percentual mínimo exigido para pagamento na fatura do cartão de crédito – hoje estipulada em, ao menos, 15% do total.
O cheque especial – aquele empréstimo automático da conta corrente, que deixa seu extrato com “números vermelhos” no fim do mês – só é menos caro que o crédito pessoal das financeiras e o cartão de crédito – modalidade de empréstimo mais pesada para o bolso do brasileiro. O juro do empréstimo pessoal em financeiras atingiu 9,34% ao mês (191,98% ao ano) – o maior patamar desde maio deste ano.
Já o rotativo do cartão de crédito ainda é o tipo de empréstimo mais caro do Brasil e está no maior nível desde junho de 2000. Apesar de a taxa ter se mantido inalterada na passagem de junho para julho, usar o limite do cartão de crédito custa 10,69% ao mês – ou 238,3% ao ano. Isso sigfica dizer que, se você usar R$ 1.000 do limite hoje, pagará R$ 2.383 em agosto de 2012.
Por outro lado, a modalidade de crédito mais barata do país é o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) dos bancos, particularmente para o financiamento de automóveis. O juro deste tipo de empréstimo está em 2,37% por mês ou 32,46% ao ano.