A Justiça da Argentina sentenciou na tarde desta quarta-feira à prisão perpétua o ex-ditador Jorge Videla por crimes de lesa-humanidade durante o período em que esteve à frente da ditadura no país, entre 1976 e 1981, como comandante militar. De acordo com o jornal argentino “Clarín” outro importante líder da ditadura no país, Luciano Menéndez, que atuou como ex-chefe militar, também recebeu a mesma sentença.
Os dois eram acusados pelo assassinato de 31 presos políticos numa prisão de Córdoba.
Ainda na terça-feira Videla assumiu a responsabilidade por crimes políticos cometidos durante a ditadura.
“Assumo plenamente minhas responsabilidades. Meus subordinados limitaram-se a cumprir ordens”, destacou Videla no tribunal de Córdoba, um dia antes da divulgação do veredicto.
No depoimento final de 49 minutos que leu pausadamente, o ex-ditador, de 85 anos, disse que assumirá “sob protesto a injusta condenação que possam me dar”.
A promotoria havia pedido, em novembro, a pena de prisão perpétua para Videla, que, no dia 24 de março de 1976, comandou um golpe que instaurou uma ditadura que deixou 30 mil desaparecidos, segundo entidades humanitárias.
“Reclamo a honra da vitória e lamento as sequelas. Valorizo os que, com dor autêntica, choram seus seres queridos, lamento que os direitos humanos sejam utilizados com fins políticos”, disse Videla.
Depois apontou para o governo da presidente Cristina Kirchner, assinalando que as organizações armadas dissolvidas “não mais precisam da violência para chegar ao poder, porque já estão no poder e, daí, tentam a instauração de um regime marxista à maneira de [Antonio] Gramsci [téorico marxista italiano]”.