A Justiça de Mato Grosso do Sul impôs ontem a maior condenação já sofrida pelo ex-médico Alberto Jorge Rondon de Oliveira, de 54 anos, alvo de diversos processos após mutilar mulheres em procedimentos cirgúricos que elas acreditavam ser estéticos, mas que deixaram cicatrizes para a vida toda. Rondon foi condenado a 42 anos e 9 meses de reclusão pelos crimes de lesão corporal dolosa qualificada e lesão corporal simples.
É a segunda condenação criminal dele por conta das sequelas deixadas em suas vítimas. Rondon hoje cumpre pena, em casa, no município de Bonito, por uma condenação anterior, de 2002, quando recebeu pena de 6 anos também pelo crime de lesão corporal dolosa, relativo a sete mulheres operadas por ele. Ele só começou a cumprir essa pena em 2009, quando foi preso pela Polícia Federal, após ser considerado foragido.
A condenação de ontem é relativa a 11 vítimas. Em 10 casos, o ex-médico foi considerado culpado pelo crime de lesão corporal dolosa qualificada por deformidade permanente.
Para cada vítima, a pena média estipulada foi de 4 anos de reclusão. Em três casos, esse tempo foi aumentado em 6 meses em razão de as vítimas serem menores de idade. Uma delas tinha 14 anos quando foi feita a cirurgia plástica que deixou cicatrizes profundas.
Argumentos O juiz responsável pela sentença, Ivo Salgado da Rocha, refutou a maioria dos argumentos da defesa, os mesmos repetidos por Rondon durante anos, após o escândalo vir à tona, em 1999. O ex-médico alegou que as pacientes é que não seguiram o tratamento e, em alguns dos casos, tentou demonstrar que as lesões não foram comprovadas.
A defesa também alegou que Rondon tinha formação na área de cirurgia plástica, o que ele nunca conseguiu comprovar, conforme o magistrado alega. O registro dele como médico foi cassado pelo CRM (Conselho Regional de Medicina).
Para 4 mulheres que constavam como vítimas no processo, porém, o juiz decidiu absolver Alberto Rondon, entendendo que não havia provas suficientes ou justificando a decisão com a falta de exames periciais.
Foi baseado na perícia médica que o magistrado acatou as acusações feitas pelo Ministério Público em relação às vítimas para as quais houve condenação. O processo começou com 21 ex-pacientes de Rondon, mas quatro delas desistiram da ação.
Vai recorrer – O advogado que representa Alberto Rondon na ação, Renê Siufi, informou que vai recorrer da decisão, que ainda é de primeiro grau. Segundo ele, a pena só começa a ser cumprida quando não houver mais recursos.
Siufi informou que Rondon cumpre pena domiciliar em Bonito porque na cidade não há regime semiaberto. Ainda de acordo com o advogado, Rondon tem problemas de saúde.
O acompanhamento da execucação da pena em Bonito mostra que ele tem comparecido a Justiça para informar o paradeiro e até para pedir para ausentar-se da cidade, como fez recentemente para vir ao casamento da filha, em Campo Grande.