Morreu na manhã deste domingo (28/2), em São Paulo, o bibliófilo José Mindlin. Ele tinha 95 anos e estava internado há cerca de um mês no hospital Albert Einstein. A morte foi causada por falência múltipla de órgãos. O corpo do bibliógrafo está sendo velado no hospital e o enterro está marcado para as 15h no Cemitério Israelita. A informação é do Portal Uol.
Mindlin se formou em Direito em 1936, pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e advogou até 1950, quando foi um dos fundadores e presidente da empresa Metal Leve, empresa pioneira em pesquisa e desenvolvimento tecnológico próprio no seu campo de atuação. Em sua atividade empresarial desenvolveu grande esforço em prol do avanço tecnológico brasileiro e no processo de exportação de produtos manufaturados brasileiros.
Foi casado com Guita Mindlin, morta em 2006. o casal compartilhou ao longo da vida a paixão pelos livros, que os levou a formar uma das mais importantes bibliotecas privadas do país.Mindlin começou a coleção aos 13 anos e chegou a ter 38 mil títulos.
Em maio de 2006, o casal fez a doação de cerca de 15 mil obras da Biblioteca Brasiliana para a USP. No conjunto doado à USP, constam obras de literatura, história, sociologia, poesia. Dentre as raridades estão documentos do século XVI com as primeiras impressões que padres jesuítas tiveram do Brasil, jornais anteriores à Independência e manuscritos que resgatam a gênese literária de grandes obras, como Sagarana (de Guimarães Rosa) e Vidas Secas (de Graciliano Ramos).
Em 2006, Mindlin entrou para a Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira número 29, antes pertencente ao historiador e escritor Josué Montello.
Trajetória
José Mindlin tinha interesses muito diversificados, tanto no campo cultural, como da educação, da economia, da política, da ciência e da vida empresarial, vem atuando há muitos anos em todos esses setores e fazendo parte de numerosos Conselhos e entidades, no Brasil e no exterior.
Foi membro colaborador da Academia Brasileira de Ciências e membro do Conselho de vários museus brasileiros, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Era também membro emérito da diretoria da John Carter Brown Library, de Providence, nos Estados Unidos, uma das principais bibliotecas do mundo de livros raros sobre as Américas, e da Associação Internacional de Bibliófilos, com sede em Paris.
Ele promoveu edições de cerca de 40 livros e revistas de arte e literatura, e de bibliografia brasileira. Publicou numerosos artigos e fez inúmeras conferências no Brasil e no exterior, em associações e universidades.
Foi membro do Conselho Superior da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), diretor do Conselho de Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, quando estruturou a carreira de pesquisador.
Foi um dos fundadores da Uniemp, entidade destinada a promover a aproximação entre a Universidade e a Empresa, e da qual era atualmente presidente honorário. Fez parte do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia – CNPq, do Instituto de Pesquisa Tecnológica, e da Comissão Nacional de Tecnologia da Presidência da República.