por Daniela Fernandes
A economia brasileira deverá registrar em 2009 retração de 0,3%, segundo o relatório “Perspectivas Econômicas” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira em Paris.
“A atividade perdeu muito impulso no último trimestre de 2008, puxada para baixo pela queda da produção industrial, mas acredita-se que, após ter tocado o fundo, ela dá atualmente sinais de retomada”, afirma a OCDE em relação ao Brasil.
No caso do Brasil, a estimativa de retração do PIB em 2009, ainda que leve, é a primeira feita por uma grande organização internacional – que divulgou um relatório intermediário sobre a situação das principais economias mundias a dois dias da reunião do G20 em razão das fortes incertezas econômicas por conta da crise.
A OCDE também anunciou que prevê, em 2009, contração de 4,1% nos países da zona do euro, de 4% nos Estados Unidos e de 6,6% no Japão.
Sinais positivos
Entre os sinais positivos na economia brasileira apontados pela organização, está a retomada da produção industrial no início do ano, impulsionada pelas vendas de carros, que voltaram a crescer, apesar do patamar de comparação “ser muito baixo”, ressalta a organização.
“A demanda interna e as exportações vão provavelmente continuar inexpressivas durante boa parte de 2009. A atividade deverá recuperar seu vigor no final do ano e no início de 2010, principalmente graças a ações públicas favoráveis”, diz o relatório.
Apesar de o PIB ter crescido 5,1% em 2008, vários setores da economia amargaram quedas – em particular o setor industrial – no último trimestre do ano, quando o PIB despencou 3,6% em relação ao trimestre anterior.
A produção industrial caiu 7,4% nos últimos três meses de 2008.
Revisão
Até o momento, muitos analistas afirmavam que a economia brasileira deverá crescer cerca de 1% neste ano.
Na segunda-feira, o Banco Central brasileiro revisou para baixo sua previsão de crescimento da economia em 2009, que passou a ser de 1,2%.
Após uma queda brutal da atividade no último trimestre de 2008, afetada pela retração no consumo interno, principalmente de setores que dependem fortemente de créditos, como automóveis e bens duráveis, a OCDE estima que “sinais de melhora” já são, no entanto, visíveis na economia brasileira.
“O afrouxamento da política monetária e a provável melhora das condições de crédito durante o ano devem reforçar a retomada da economia”, prevê a OCDE.
A organização estima que a economia brasileira voltará a crescer em 2010, quando o PIB deverá registrar aumento de 3,8%.
Outros países
Entre os países dos chamados BRICs (Brasil, Rússia, China e Índia), as previsões mais negativas foram feitas para a Rússia: a economia do país deverá encolher 5,6% neste ano e voltar a crescer apenas 0,7% em 2010.
As economias chinesa e indiana devem continuar crescendo a taxas elevadas se comparadas às das principais economias mundiais: a OCDE prevê aumento de 6,3% do PIB chinês e de 4,3% do PIB indiano em 2009.
Para os países ricos, a organização prevê um cenário sombrio. “O conjunto de economias da OCDE está exposto à recessão mais profunda e mais generalizada dos últimos 50 anos”, diz o estudo.
“No clima atual, qualquer previsão é cercada de incertezas excepcionais, sobretudo no que diz respeito às hipóteses em relação ao ritmo de melhora da situação financeira e à eficácia dos planos maciços de retomada do crescimento”, afirma o documento.
“Nos Estados Unidos, Japão, zona euro e no conjunto de países da OCDE a produção cairá de 4% a 7% neste ano e ficará, em geral, estagnada no próximo ano.”
Segundo previsões da OCDE, a economia americana deve sofrer contração de 4% neste ano. Na zona euro, o PIB deve encolher 4,1%. No caso do Japão, a estimativa é de queda de 6,6% do PIB.
O desemprego mundial também deve disparar, na avaliação da OCDE. Na maioria dos 30 países que compõem a organização, boa parte desenvolvidos, o desemprego deve ultrapassar 10% da população ativa pela primeira vez desde o início dos anos 90.
Nas sete economias mais ricas do mundo, a situação é alarmante. “O desemprego irá quase dobrar nos países do G7 em relação a 2007, totalizando cerca de 36 milhões de desempregados até 2010”, prevê a organização.