Policiais da Divisão de Homicídios ocuparam ontem (12) por cerca de 15 horas o 7º BPM (São Gonçalo, RJ) para tentar achar as armas usadas no assassinato da juíza Patrícia Acioli, executada com 21 tiros, na porta de casa, em Niterói, no dia 11 de agosto.
A operação é considerada um passo decisivo na investigação que, ontem, foi concluída com o anúncio de que três policiais do batalhão foram os autores do crime. Eles já estão presos.
Foram recolhidos 695 pistolas e revólveres na unidade e vasculhados os armários dos PMs. Durante a ação, foram apreendidas armas calibre 40 e 38.
A medida, determinada pela Justiça, foi realizada 24 horas depois de o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e de os cabos Sérgio Costa Júnior e Jefferson de Araújo Miranda, lotados no 7º BPM, terem a prisão decretada, sob a acusação de participarem diretamente da morte da juíza.
Os três já estavam presos no Batalhão Especial Prisional, em Benfica, acusados de outro homicídio, em São Gonçalo. Eles foram levados ontem (12) para a Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, onde passaram a noite e vão prestar depoimento hoje.
As armas foram levadas por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, que acompanhavam os policiais da DH. O objetivo é fazer um confronto balístico com projéteis e cartuchos encontrados no local do assassinato e no corpo de Patrícia Acioli. Os policiais também procuram armas calibre 45, usadas no crime. A operação no batalhão durou 15 horas porque os agentes só deixaram o local quando chegaram outras 450 armas, para repor o estoque do batalhão.
Durante todo o dia, agentes cumpriram outros 15 mandados de busca e apreensão em endereços em São Gonçalo, Maricá e nos bairros de Senador Camará e Jacarepaguá. Os alvos foram imóveis dos acusados e de parentes deles.
O tenente Benitez e os cabos Sérgio Costa e Jefferson de Araújo terão que comparecer a uma audiência de instrução e julgamento pela acusação do assassinato de Diego de Souza Beliene, de 18 anos, no bairro do Salgueiro, em São Gonçalo, em junho deste ano.
O juiz Fábio Uchoa, que substituiu Patrícia Acioli no 4º Tribunal do Júri de São Gonçalo, marcou a audiência para o dia 30.
A confirmação da ação e de que o crime foi planejado chegou depois da quebra do sigilo telefônico dos envolvidos. No dia do crime, os três estavam próximo ao Foro. Eles foram flagrados ainda seguindo o carro da juíza durante todo o trajeto – de São Gonçalo até Piratininga – por câmeras de vigilância, cujas imagens estão em poder da polícia.
Cabo acusado já responde por nove homicídios
* Os três policiais militares presos pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli já responderam por outras graves acusações. Um deles, o cabo Jefferson de Araújo Miranda, é o que tem a mais extensa folha de antecedentes: responde a nove processos por homicídios. Mesmo assim, continuava em serviço.
* Os casos, registrados desde 2004, foram inicialmente tratados como autos de resistência (morte de bandido em confronto com a polícia), mas as suspeitas de que poderiam ter sido forjados pelo policial deram início a investigações que resultaram em inquéritos de assassinatos.
* Outro acusado, o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes, já havia sido preso pela própria PM por três dias, por falha administrativa, num caso de furto de engradados de cerveja de um caminhão da Ambev no Morro do Amor, no Lins, em janeiro de 2008.
* O terceiro policial, o cabo Sergio Costa Júnior, assim como os outros, responde ao processo que a polícia afirma ter motivado a execução da magistrada.
Os três, juntamente com outros cinco PMs já presos, teriam assassinado Diego de Souza Beliene, de 18 anos, que seria irmão de um traficante, na favela do Salgueiro, em São Gonçalo, em julho deste ano. O grupo de PMs teria simulado um confronto, deixando uma pistola e drogas ao lado do corpo do rapaz. Conhecida por exigir rigor nas investigações sobre autos de resistência, a juíza Patrícia Acioli decretou a prisão dos três, horas antes de ser assassinada.