Em um discurso considerado histórico, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse neste domingo que seu país estará preparado para apoiar a criação de um Estado palestino, mas somente com a condição de que seja totalmente desmilitarizado e que os palestinos também se comprometam com o reconhecimento de Israel.
“Se nós recebermos essa garantia de desmilitarização e das medidas de segurança exigidas por Israel, e se os palestinos reconhecerem Israel como a nação do povo judeu, nós estaremos preparados para um verdadeiro acordo de paz, para alcançar uma solução de um Estado palestino desmilitarizado ao lado do Estado judeu”, disse.
Ao apresentar novas propostas de seu país para a paz no Oriente Médio, Netanyahu disse que Israel não quer dominar os palestinos.
Segundo o premiê israelense, cada lado deve ter sua própria bandeira, governo e hino nacional.
No entanto, Netanyahu disse que um Estado palestino não deve ter Exército, controle de seu espaço aéreo ou maneiras de contrabandear armas (para dentro do território palestino). Caso contrário, disse o premiê, um novo Estado armado pode emergir como o que atualmente há em Gaza.
“Sabotagem”
Logo após o discurso, um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que as palavras do premiê israelense “sabotam” os esforços pela paz no Oriente Médio.
O discurso de Netanyahu foi feito um mês após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter pedido que Israel aceite uma solução de dois Estados para o conflito no Oriente Médio.
Segundo o analista de Defesa da BBC Paul Wood, o fato de Netanyahu dizer que aceita o princípio de Estado palestino desmilitarizado, mesmo que sob condições, era o que a Casa Branca buscava.
Wood afirma, porém, que a questão agora é se isso será o suficiente para compensar pela falta de ação na questão dos assentamentos judeus no território ocupado da Cisjordânia.
Obama já deixou claro que quer o fim dos assentamentos. No entanto, em seu discurso neste domingo, Netanyahu disse que os colonos judeus não são “inimigos da paz” e não alterou sua postura de apoiar o “crescimento natural” dos assentamentos já existentes.
O premiê israelense afirmou ainda que é preciso um entendimento de que o problema dos refugiado palestinos só poderá ser resolvido fora das fronteiras de Israel. O direito de retorno dos refugiados é uma das questões centrais para os palestinos.
Netanyahu se ofereceu para conversar com líderes palestinos imediatamente e sem “pré-condições” e disse estar disposto a ir a Damasco, Riad e Beirute na busca pela paz com líderes árabes.
“Nós queremos viver em paz com vocês, como bons vizinhos”, disse.