Por Rodrigo Haidar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quebrou o padrão das últimas indicações para ocupar o cargo de procurador-geral da República e indicou o subprocurador Roberto Gurgel para substituir Antonio Fernando Souza. Gurgel encabeçou a lista tríplice formada por eleição entre os sócios da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e enviada ao presidente.
A indicação de Gurgel terá de ser confirmada pelo Plenário do Senado, após passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça. O mandato de Antonio Fernando se encerrou nesse domingo e, a partir desta segunda-feira (29/6) até a posse de Gurgel, o posto passa a ser ocupado pela subprocuradora Deborah Duprat.
A demora de Lula para escolher o novo chefe do Ministério Público Federal levantou variadas especulações. Wagner Gonçalves, segundo na lista da ANPR, era querido por pessoas próximas a Lula. Já o nome de Gurgel desagradaria o governo por ser estreitamente ligado a Antonio Fernando. Ainda segundo as especulações, o atual titular do cargo teria ganhado desafetos no governo ao pegar pesado na denúncia no caso do mensalão.
Nos corredores da sede do MPF em Brasília, dizia-se que o presidente já tinha há muito escolhido o novo PGR, mas não tinha anunciado ainda a pedido a mesa diretora do Senado, ocupada com a missão de apagar os incêndios criados e alimentados pela crise dos atos secretos e nomeações irregulares de parentes de senadores.
Outra hipótese levantada é a de que o presidente quis deixar no cargo por algum tempo a subprocuradora Deborah Duprat para acabar com o principal argumento da candidata Ela Wiecko, o terceiro nome da lista tríplice, de que uma mulher nunca ocupou o cargo.
Com a indicação de Gurgel, Lula põe fim às especulações. Ele manteve o que fez desde que assumiu a Presidência da República: indicou o primeiro da lista enviada pela ANPR como sugestão.
Como Antonio Fernando de Souza, Gurgel é recatado, discreto e firme na tomada de posição. Por isso, agrada os ministros do Supremo Tribunal Federal. Os elogios a Antônio Fernando em sua última sessão na corte pretendiam, por tabela, indicar a predileção da corte pelo sucessor mais alinhado com o atual titular.