por Lilian Matsuura
Em junho de 1968, os estudantes do Largo São Francisco tomaram a Faculdade de Direito da USP em protesto contra a ditadura militar e ocuparam o prédio das Arcadas por um mês. Para festejar os 40 anos do ato de enfrentamento ao regime autoritário, os integrantes do movimento vão se reunir na segunda-feira (23/6), à noite, na churrascaria Bovinus, na avenida Rebouças, em São Paulo.
O encontro é organizado por Henrique Buzzoni, estudante que cozinhou a primeira macarronada após a ocupação. O movimento estudantil brasileiro explodiu no Brasil em 1968, irradiando as manifestações e passeatas que aconteciam em todas as partes do mundo.
Em março de 1968, o movimento brasileiro ganhou o seu mártir: o estudante Edson Luís de Lima Solto foi baleado pela Polícia no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, durante uma passeata.
Pouco depois, em maio, o movimento estudantil na França chega ao seu auge e rapidamente se irradia pela Europa e pelas Américas. Em junho, em São Paulo, os estudantes do Largo São Francisco tomam a Faculdade de Direito da USP.
Durante um mês, eles se instalam nas salas de aula, nos corredores e no pátio central da escola. Reivindicavam liberdade de expressão e pensamento. E também uma universidade mais livre, aberta, mais discussões durante as aulas. “Não queremos leituras de códigos”, diziam as faixas.
Pouquíssimos professores aderiram ao movimento. O número de estudantes era flutuante. Quando a Polícia Militar invadiu a escola, depois do descumprimento da decisão judicial de retirada, sobravam apenas 43 alunos. Entre eles, o atual ministro do Superior Tribunal de Justiça, Sidnei Beneti, e o ex-deputado federal Ayrton Soares. A ação aberta contra eles ficou conhecida como o Processo dos 43.
Revista Consultor Jurídico