Reflexo da Satiagraha – Globo sai em defesa de repórter e critica ministro

O diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, encaminhou nota à Folha Online em defesa do jornalista César Tralli. A Folha afirmou que, por ter um parente na Polícia Federal, o repórter da Globo teve informações privilegiadas da Operação Satiagraha, que cumlminou com a prisão do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.

O portal também informou que César Tralli será chamado a depor no inquérito da Polícia Federal que investiga o vazamento de informações da operação.A Globo obteve acesso exclusivo ao momento das prisões e também pôde filmá-las. Tralli ainda teve acesso ao conteúdo das decisões judiciais que permitiram a operação. Todas as informações foram exibidas no Jornal Nacional.

Na nota, Kamel desafia a Folha Online a provar que Tralli teria um parente na cúpula da PF. Ele contesta também a informação dada pelo portal de que a Globo “obteve acesso exclusivo” às prisões e ainda afirma que o ministro da Justiça, Tarso Genro, foi “injusto” ao se desculpar com as emissoras que levaram o “furo” sobre a operação. A Folha Online, por sua vez, divulgou nota dizendo que mantém todas as informações publicadas.

Não é a primeira vez que Tralli tem acesso a informações de operações sigilosas da PF. Em setembro de 2005, quando houve a prisão de Flavio Maluf, o jornalista presenciou a ação da Polícia e gravou as cenas.

Em caso de convocação pela PF, o repórter é obrigado a comparecer, mas pode alegar sigilo de fonte e manter-se calado diante do delegado. Também não pode ser detido. Tralli não cometeu crime ao noticiar fatos a que teve acesso.

Leia a nota da Globo

1) É absolutamente falsa a afirmação do repórter segundo a qual o jornalista César Tralli tem um parente de primeiro grau na cúpula da Polícia Federal. Nem de primeiro, nem de grau algum. Nem na cúpula da Polícia Federal, nem em nenhum dos seus diversos departamentos. Cabe agora à Folha Online provar a seus leitores que não mentiu ou se desculpar pela informação mentirosa; (nota da Redação: a Folha Online mantém todas as informações publicadas).

2) É equivocada também a afirmação de que a Globo “obteve acesso exclusivo ao momento das prisões e também pôde filmá-las”. A TV Globo não “obteve” nada; deu um furo, depois de meses de trabalho, e graças à credibilidade de que dispõe na sociedade e em múltiplas fontes de informação nas três esferas do Poder Público. A TV Globo também não obteve autorização alguma para filmar a ação. A Constituição Brasileira, no artigo 5º, inciso XIV, estabelece claramente que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Portanto, a TV Globo jamais pediria autorização à autoridade policial para filmar uma ação que estivesse sendo presenciada por ela. A Folha, e qualquer jornal sério, fariam o mesmo;

3) Graças ao mesmo artigo da Constituição, a TV Globo jamais revelará os diversos passos que a levaram a dar o furo de reportagem sobre a operação da Polícia Federal;

4) O repórter Cesar Tralli, um dos mais respeitados do jornalismo brasileiro, dispensa defesas; os furos que dá, ambição de todo jornalista, são fruto de seu talento, de sua credibilidade e de trabalho árduo;

5) Sobre o pedido de desculpas do Ministro da Justiça às demais emissoras por não terem sido “avisadas” da operação policial, a TV Globo entende que ele foi injusto com todos. Com a TV Globo, por confundir um furo, conseguido graças a um minucioso trabalho de reportagem, com um aviso. Com as demais emissoras, por acreditar que elas só sejam capazes de dar furos se, antes, forem “avisadas”.

Ali Kamel

diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo.

Revista Consultor Jurídico

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