SEDEP presta homenagem a todos os pais… para vocês, criaturas e criadores, nosso preito de admiração e respeito!

SEDEP presta homenagem a todos os pais, os que são e os que ainda serão, os presentes e os ausentes… para vocês, criaturas e criadores, nosso preito de admiração e respeito! 


Quero contar-te hoje da importância de tua existência em minha vida. Foste um sol irradiante, iluminando e aquecendo meus caminhos e descaminhos. Quão vital foi tua palavra certa, no momento exato! Tua mão estendida a me levantar de uma queda, enxugando com inexcedível carinho as lágrimas recorrentes.

Pai, olho pra dentro de minha existência e encontro ecos intermitentes de um amor incondicional, que deixaram sulcos profundos pela minha vida afora, marcando-me indelevelmente no quesito amor.

Vivencio hoje recordações tantas e a nostalgia destas lembranças me inundam os olhos. A minha meninice, já tão distante, me trás de volta um pai jovem, quase um menino, cheio de energia, de sonhos… ainda um pouco desajeitado em seu papel de pai , mas tão ansioso em acertar, em ter respostar aos meus porquês.

Lembro-me com riqueza de detalhes, da caminhada até a esquina, mãozinhas firmemente seguras nas de mamãe, coração em sobressalto te procurando em cada semblante. Tua volta do trabalho era pra mim um momento inesquecível! Eis que então, meus olhos ansiosos divisavam ao longe teu vulto armado. Vinhas a caminhar lentamente, meio cambaleante, cansado pela longa jornada. Meus passinhos ainda trôpegos se aceleravam num arremedo de corrida, abria os bracinhos e com os olhos fechados me atirava em teus braços acolhedores.

Ah! Meu pai! É doloroso crescer e não poder mais correr para teus braços fortes, aninhando neles meus medos e minhas dores. A “adultice” cobra seu preço, temos que ser capazes, pelo menos teoricamente, de vencer nossos monstros interiores.

Quantos passos papai nos separam dessa doce e inocente infância! Mas nada foi esquecido por meu coração.

O teu sorriso largo, me entregando um chocolate (era sempre “prestígio”, me lembro bem!). Eu o comia bem lentamente para prolongar ao máximo o prazer do momento.

Comprei esse mesmo chocolate incontáveis vezes, ano após ano, procurando em cada um o mesmo gosto de então, mas ele nunca mais teve o mesmo sabor. Acho que lhes faltou um ingrediente essencial – o amor!

Ah! Pai! Como são egoístas as crianças e os adolescentes! Quantas vezes me esqueci de te perguntar porque teus olhos se orvalhavam quando rebeldemente teimava contigo. Quantas vezes esqueci de te devolver o afago, a ternura indizível que me dispensavas, quantas vezes ignorei teus conselhos e cuidados no afã de me auto afirmar como “pessoa”, me machucando e te machucando ainda mais. Sangra-me o coração hoje ao lembrar teu olhar magoado e silencioso, mas repleto de perdão a me receber sempre de volta em teus braços.

Não pai, eu não sabia então dimensionar a extensão da felicidade que me envolvia, com insatisfação buscava além, o que eu tinha de sobra contigo.

Pai, ontem eras o herói inatingível. Como criança atribui-te forças inumanas, achava-te acima de erros e dores… eras assim como um deus, onisciente e onipresente. Hoje, já adulta, admiro em ti a capacidade de ser simplesmente humano, com erros, acertos e todas as mazelas típicas e características do HOMEM.

És ainda e sempre meu HERÒI, mas um herói real, humano, alguém de quem eu me orgulho imensamente em dizer: “- Sou tua filha, carrego em mim teus caracteres genéticos.” Sou parte de ti pai, ligam-nos laços infinitos e indissolúveis, pois eles se emaranham em nossas almas seculares, em tempos que aconteceram muito antes do aqui e agora.

Hoje pai, teu rosto está marcado por vincos profundos, que me contam longas histórias de dor e sofrimento. Trajetória de uma alma que lutou bravamente nos embates da vida, que desbravou rumos desconhecidos e que às vezes se encontrou perdido no meio do caminho. Mas nem por isto pai, perdestes a bondade do olhar e a doçura na voz mansa, que ecoa eternamente dentro de minh”alma:

“Cuidado ado ado filha ilha ilha, com om om os perigos igos igos de teu eu eu caminho inho inho.”


Tinhas razão meu pai!


Te amo.

Nesta data faço esta homenagem ao meu pai Walter Ferreira e a todos os pais.

Por Lucineide Soares Ferreira

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