TRF2 condena União a indenizar ex-militar por erro médico ocorrido no HCE

Uma decisão unânime da 8ª Turma Especializada do TRF2 assegurou a um ex-militar indenização por danos morais de 15 mil reais a ser paga pela União Federal, por conta de erro médico. De acordo com o processo, o paciente, que fraturou a perna esquerda após acidente de carro em junho de 1997, foi operado no Hospital Central do Exército (HCE), tendo sido considerado apto para o trabalho em janeiro do ano seguinte. No entanto, em outubro de 1998, ainda não se sentindo recuperado, submeteu-se a avaliação médica particular, em que foi constatada a presença de corpo metálico estranho em sua tíbia.

A decisão do Tribunal se deu em resposta a apelação cível apresentada pela União contra a sentença da 1ª Vara Federal de Três Rios, que já havia determinado o pagamento da indenização por dano moral. O relator do caso é o juiz federal convocado Marcelo Pereira da Silva.

A União sustentou, em sua defesa, entre outros argumentos, que não bastaria a alegação dos prejuízos e supostos vexames para configurar o dano moral, tornando-se necessária prova cabal de ter o ex-militar sofrido abalo psicológico. Por fim, afirmou que não ficou provado que a demora na sua recuperação se deu pela falha no serviço médico.

Para o juiz federal convocado Marcelo Pereira, da análise do laudo da perícia anexada ao processo, “verifica-se que o expert afirmou ter sido encontrado na perna do ex-militar ‘objeto metálico de mais ou menos meio centímetro de comprimento, de aspecto linear compatível com fragmento de broca cirúrgica que provavelmente foi utilizada durante o procedimento cirúrgico da fratura”.

Ainda segundo o relator, “configurada está a culpa por parte dos agentes da União Federal, pois, como bem asseverou o juízo de primeiro grau, ‘o procedimento médico não se realizou de forma plenamente eficaz, eficácia esta que se presume na correta sutura do paciente, após ter sido verificada a perfeita assepsia do local. Remanescendo no interior da incisão um corpo estranho, surge o dever de reparar”, explicou.

Portanto, de acordo com o entendimento do juiz federal convocado, “na hipótese dos autos, ainda que não demonstrado que a presença do citado objeto no organismo do autor (o ex-militar) por si só teria gerado maiores complicações à sua recuperação, é de se presumir que tal ‘esquecimento’ tenha causado o agravamento da angústia e do sofrimento já experimentados por força de seu estado de saúde, restando violada, de forma relevante, a sua integridade física, urgindo asseverar ainda que, segundo laudo pericial, o demandante, durante o longo período de tratamento, apresentou ‘quadro de dor, edema e incapacidade funcional’, ressaltou.

Proc.: 2002.51.13.000291-0

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