O Tribunal de Ética da OAB do Rio de Janeiro vai analisar se suspende provisoriamente os três advogados acusados de envolvimento nos ataques da semana passada na capital fluminense. O julgamento está previsto para a próxima quinta-feira (2/12).
A OAB do Rio já abriu procedimento disciplinar para apurar eventuais faltas dos advogados Beatriz da Silva Costa de Souza, Flávia Pinheiro Fróes e Luiz Fernando da Costa. Segundo denúncia do Ministério Público, os três são os advogados dos presos Marcinho VP e de Elias Pereira da Silva, o Elias maluco, considerados chefes do tráfico e os autores das ordens dos ataques a veículos, policiais e edifícios.
Na sexta (26/11), os três foram denunciados pelo MP por associação para o tráfico e por colaborarem como informantes dos detidos. No mesmo dia, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 1ª Vara Criminal de Bangu, decretou os pedidos de prisão preventiva dos envolvidos. Eles são considerados foragidos pela Polícia.
Também na sexta o presidente da OAB do Rio, Wadih Damous, afirmou que se as acusações fossem comprovadas, os advogados seriam punidos. A seccional abriu procedimento para apurar o caso. Além disso, foi designado um relator, o conselheiro Eduardo Kalache, para o procedimento.
O presidente da OAB-RJ também deve receber até esta quarta-feira cópia de todo o processo que corre contra os advogados no Judiciário fluminense. “Já pedimos todo o elemento probatório que levou o juiz a decretar as prisões”, disse Wadih Damous.
O Jornal Nacional, da Rede Globo, divulgou um das conversas das advogadas Flávia Pinheiro Fróes e Beatriz Costa de Souza. Para a Justiça, elas falam sobre os últimos ataques ocorridos no Rio de Janeiro. A gravação serviu de base para que o juiz Alexandre Abraão decretasse a prisão. De acordo com ele, os três recebiam ordens por bilhetes e verbalmente. Depois, repassavam as informações para os demais membros das quadrilhas. O juiz acredita que a privação da liberdade dos advogados será capaz de quebrar a cadeia de comando.
Veja a conversa entre as duas advogadas:
Flávia: “É coisa do seu interesse mesmo, mas não posso falar por telefone não. Só pessoalmente”
Beatriz: “Pô, eu estava precisando falar contigo também. Você vai voltar pro Rio quando?”
Flávia: “Pois é, cara, é coisa muito séria, muito, muito, muito, muito séria”
Beatriz: “É o que está acontecendo?”
Flávia: “É. E eu já sei tudo, quem é, quem não é. E vai acontecer [sic] mais outras coisas que você não sabe”