A utilização do sistema de chamada de vídeo pelo celular foi essencial para garantir que a ex-companheira e os pais de um trabalhador morto conseguissem participar de uma audiência realizada na Vara do Trabalho de Alto Araguaia, na manhã desta sexta-feira (19). Ainda emocionados com a perda do ente querido, as partes irão receber as verbas rescisórias devidas ao trabalhador.
Ele saiu de perto da família e veio para o interior de Mato Grosso para trabalhar em uma empresa de energia renovável, mas morreu após sofrer um acidente de trânsito, fora do seu horário do serviço, cerca de um mês após começar suas atividades. Como a empresa não sabia para quem pagar as verbas trabalhistas devidas ao ex-empregado, depositou o dinheiro em uma conta judicial.
Os pais e a ex-companheira precisavam participar da audiência na Vara para receberem os valores. Mas, morando em SP e ainda muito abalados com a morte, não tinham condições de se deslocarem até Alto Araguaia (cerca 420km distante de Cuiabá). Foi quando a juíza titular da unidade, Karina Rigato, sugeriu uma ligação por vídeo para viabilizar a participação deles.
Durante a conciliação, as partes decidiram dividir em três partes iguais os valores devidos pela empresa. “Foram três audiências até conseguir conciliar. Todos estavam muito emocionados e chorando muito”, contou a magistrada.
Para a juíza Karina Rigato, possibilitar que os país e a ex-companheira participassem da audiência mesmo a distância significou a concretização do direito de acesso à Justiça. Ela contou que eles não tinham condições financeiras para fazer a viagem, já que o valor das verbas depositadas não cobriria os custos de transporte.
A magistrada contou ainda que os pais não tinham condições emocionais e não queriam nem mesmo vir ao local onde eles perderam o filho. “Ao final, eles choraram emocionados e agradeceram à Justiça do Trabalho por possibilitar que participassem da audiência mesmo de longe. Para mim, isso é acesso à Justiça”, disse.