Vale corta US$ 5 bi em investimentos

por Nicola Pamplona e Mônica Ciarelli

Empresa reduziu em 36,5% sua projeção de investimentos para 2009, que antes era de US$ 14,23 bilhões

A Vale reduziu em US$ 5,2 bilhões sua projeção de investimentos para 2009. A decisão, aprovada ontem pelo conselho de administração da companhia, foi motivada por três fatores: redução de custos, desvalorização do real e alongamento dos cronogramas de alguns projetos. A cifra supera o valor de todos os projetos de expansão do setor de papel e celulose para os próximos quatro anos, que soma cerca de US$ 4,5 bilhões, segundo estimativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em comunicado divulgado ontem ao mercado, a Vale informou que o novo orçamento para 2009 é de US$ 9,035 bilhões, 36,5% inferior aos US$ 14,235 bilhões projetados inicialmente. A possibilidade de revisão dos investimentos foi sinalizada durante a divulgação do balanço do primeiro trimestre da companhia, em virtude das mudanças no cenário econômico desde o estouro da crise financeira mundial.

Em outubro de 2008, quando a companhia bateu o martelo e divulgou seu plano de investimento, o ambiente ainda não refletia uma desaceleração tão forte da economia mundial. O cenário piorou nos meses seguintes, obrigando a companhia a adotar uma série de medidas, como a demissão de 1,3 mil funcionários e a suspensão de atividades em algumas minas, com a concessão de férias coletivas aos trabalhadores. Por outro lado, naquela época, os custos estavam inflados por conta do ritmo acelerado de investimentos dos últimos anos.

A companhia diz que a revisão dos investimentos não significa que os projetos deixarão de ser tocados. Em alguns casos, a redução de gastos foi obtida com a queda no custo de insumos e matérias-primas nos últimos meses. Em outros, há o impacto da desvalorização cambial, que reduz o valor em dólar de encomendas de bens e serviços que são pagas em reais.

Mas há também a postergação de investimentos em projetos que não têm mercado consumidor neste momento. Nesse caso, se enquadram principalmente as operações em níquel, que tiveram redução de 18,2% nos investimentos previstos em 2009, para US$ 1,381 bilhão. No texto divulgado ontem, a empresa diz que os projetos de níquel Onça Puma, Goro, Totem e Salobo – com investimento total de US$ 7,9 bilhões – têm sua conclusão “sujeita às condições de mercado”.

O corte mais significativo, porém, recaiu sobre os projetos do segmento de minerais ferrosos, especialmente nas minas de Carajás e Serra Sul, ambas no Pará. A previsão era gastar com ferrosos US$ 4,554 bilhões este ano, volume reduzido para US$ 2,853 bilhões. Só o projeto Serra Sul teve seu orçamento encolhido de US$ 675 milhões para US$ 233 milhões. Maior investimento individual da companhia atualmente, com o orçamento total de US$ 11,297 bilhões, tem início de operações previsto para o primeiro semestre de 2013.

A expansão da mina de Carajás para 130 milhões de toneladas de capacidade também sofreu corte expressivo, de US$ 798 milhões para US$ 455 milhões. A empresa projeta uma nova usina de britagem e ampliação da estrutura logística para 2011.

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, lamentou a redução de investimentos, mas reconheceu que a empresa tem de se ajustar ao cenário atual. “Ela está se adaptando à nova realidade de demanda internacional”, afirmou. Em abril, a companhia já havia anunciado uma redução de US$ 600 milhões em seus investimentos em logística programados até 2013, que caíram de US$ 12 bilhões para US$ 11,4 bilhões.

colaborou ALBERTO KOMATSU

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