O delegado Protógenes Queiróz, que comandou a operação que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, respondeu com um poema de Cleide Canton e um texto de Rui Barbosa as acusações de que agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) trabalharam infiltrados na PF a seu pedido. A resposta foi postada, no sábado (6/8), no seu blog.
Reportagem da revista IstoÉ diz que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, 18 senadores e 26 deputados tiveram conversas gravadas e passos monitorados por um grupo de agentes da Abin na Operação Satiagraha.
A revista relata que a informação sobre os grampos foi revelada por “arapongas”. Segundo a IstoÉ, ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça também foram investigados. A revista diz que o agente Francisco Ambrósio do Nascimento, da Abin, teria coordenado a equipe que fez as escutas. Conforme a reportagem, Nascimento, ex-agente do extinto Serviço Nacional de Inteligência, teria sido uma espécie de braço direito de Protógenes.
Leia o post original
RESPOSTA aos “supostos grampos”
SINTO VERGONHA DE MIM
Sinto vergonha de mim…
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade,
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e de ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
celula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o “eu” feliz a qualquer custo,
buscando a tal “felicidade”
em caminhos eivados de derespeito
para com seu proximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos “floreios” para justificar
atos criminosos,
a tanta relutancia
em esquecer a antiga posição
de sempre “contestar”,
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer…
Tenho vergonha da minha impotëncia,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Tenho vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
POVO BRASILEIRO !
De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto.”
(Rui Barbosa)
Revista Consultor Jurídico